“A História é o estudo do homem no tempo”
(Marc Bloch)
A frase acima nos alerta para uma nova abordagem da disciplina História. Repensar os conceitos, métodos e as técnicas deste ofício que se constitui de ‘homens no tempo’ é fator fundamental para a inserção de novos campos de trabalho para os pesquisadores.
As tendências historiográficas que valorizam a localidade, a região e a micro-história, ganharam impulso a partir da década de 1960, com a amplitude das fontes de pesquisa, já defendida por Marc Bloch e Lucien Febvre com a Escola dos Annales nos anos 1930.
Há diferenças metodológicas na maneira de lidar com os temas que visam trabalhar tais temáticas. A problemática da Região se dá por meio de recortes antropológicos, culturais e políticos, aproximando o historiador de seu objeto de estudo, sendo que a História Regional e local não pode ser desvinculada de um contexto mais amplo de região. Alguns pesquisadores defendem que “[...] a definição de região e sua análise deve considerar todas as dimensões caracterizadoras de um determinado recorte sócio-espacial, entre elas a territorial, mas não apenas ela [...]” (CUNHA, 2000, p. 49) Outros, defendem que: “[...] a organização espacial sempre se constitui em uma categoria social, fruto do trabalho humano e da forma dos homens se relacionarem entre si e com a natureza [...]” (AMADO, In: SILVA, 1990, p. 8). Tais debates são fundamentais na atualização e concepção de tais conceitos.
Há, entretanto, necessidade de fontes de pesquisa específicas, sendo localizados em arquivos públicos e particulares, (estes muitas vezes de difícil acesso) livros de ata, jornais entre outras que possam suscitar um debate sobre o passado à luz do presente, pois “[...] o historiador, mesmo quando pesquisa o passado, trabalha no presente [...]” (AMADO, In. SILVA, 1990, p. 12).
Quando pensamos em Micro-história, percebemos uma redução de escala de observação evidenciando uma determinada análise que o macro não prioriza, pois de acordo com Giovanni Levi (1992, p.158) “[...] ela tenta não sacrificar o conhecimento dos elementos individuais a uma generalização mais ampla e de fato acentua as vidas e os acontecimentos individuais. Mas, ao mesmo tempo, tenta não rejeitar todas as formas de abstração, pois fatos insignificantes e casos individuais podem servir para revelar um fenômeno mais geral [...]”.
Assim, partindo destes pressupostos, nota-se que neste contexto atual referente à região, os estudos ganham relevância acadêmico-cientifica, pois quando devidamente trabalhado, é um campo de pesquisa rico aos historiadores. Isso nos mostra que a micro-história, preocupa-se com o enfoque metodológico realizado, e a história regional ocupa-se do objeto de enfoque, a partir do conceito de região, este que deve ser “[...] capaz de apreender as diferenças e contradições geradas pelas ações do homem, ao longo da História, em determinado espaço [...]” (AMADO, In SILVA, 1990, p. 8). Posto isso, a função de estudar o homem no tempo e espaço, proposto pela epígrafe de Marc Bloch, é útil e fundamental para tais análises, uma vez que o historiador é o profissional responsável por realizar as aproximações mostrando permanências e rupturas dos enfoques regional e geral, estes que permanecem em diálogo constante com momento histórico que se estuda.
Autor: Gilberto Abreu de Oliveira
Referências:
AMADO, J. História e Região: Reconhecendo e Construindo Espaços. In: SILVA, M.A. República em Migalhas: História Regional e Local. P.7-15
BLOCH, M. Apologia da História ou o Ofício do historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2001.
CUNHA, L. A. G. Sobre o Conceito de Região. In. Revista de História Regional. Ed. 5. p. 39-56
LEVI, G. Sobre a micro-história. In. BURKE, P. (org) A escrita da História: Novas Perspectivas. São Paulo: UNESP, 1992.
3 comentários:
Olá rafael, agradeço a publicação.
Aproveito pra parabenizar pelo site. Necessitamos manter esse diálogo, espero ter contribuido.
Abraço
OI Rafael estive olhando o seu blog está muito bom e esper que continue mantendo contatos comtodos nós , Edna.
Muito obrigado Edna, farei o possível para manter o contato
Rafael L. Caires
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